segunda-feira, 25 de outubro de 2010

De onde vem a ética?

É certo clonar seres humanos? Existe uma vida que não seja digna de ser vivida? Quando é correto ir para a guerra? O terrorismo está sempre errado? Há algo de errado nos casamentos entre pessoas do mesmo sexo? O aborto deve ser legalizado?


A lista dos dilemas éticos do Século 21 é interminável. O ponto chave a esse respeito é: como e baseados em quais tendências respondemos esses dilemas éticos. Na verdade, esta é uma pergunta que preocupava os antigos filósofos.


Na filosofia ocidental há geralmente três opiniões sobre a origem da ética. Primeiro existe a "Teoria da Ética do Divino Comando", defendendo que a ética origina-se de D'us – que aquilo ordenado por D'us é arbitrariamente bom e ético. O contra-argumento a isso afirma que esta opinião leva ao absurdo onde D'us pode, em teoria, decretar o adultério como sendo ético. Se alguém argumentar que D'us não pode fazer isso está admitindo que os padrões éticos são estabelecidos por algo que não seja D'us!1


Em seguida à Teoria do Comando Divino está a Teoria das Formas, apresentada por Platão, afirmando que há uma "forma" independente fora de D'us, que é o padrão absoluto de moralidade e ética. O problema aqui é que este padrão absoluto jamais foi revelado a um mundo espaço-temporal, portanto não se pode ter certeza de que alguém atingiu o padrão absoluto da ética. Nós, portanto, ficamos com o dilema original: o que é ético?


O terceiro ponto de vista sustenta que todo o conhecimento é relativo ao indivíduo, e neste caso não pode haver moralidade absoluta: toda a ética é relativa às circunstâncias, pessoas e culturas. e neste caso não pode haver moralidade absoluta: toda a ética é relativa às circunstâncias, povos e culturas. Esta opinião também é problemática porque, levada à sua conclusão lógica, não existe qualquer ética.2


Há um versículo enigmático na Torá que parece estar diretamente relacionado a esse debate. D'us diz a Moshê: "Fala a toda a congregação dos Filhos de Israel, e diz a eles: Vocês devem ser sagrados, pois Eu, o Eterno teu D'us, sou sagrado."3


A ordem "Vocês devem ser sagrados" provoca debate entre os comentaristas. Alguns dizem que isso significa que a pessoa deve ser especialmente cuidadosa em questões de moralidade sexual.4 Baseando sua opinião no Talmud, outros dizem que isso se refere à necessidade de exercer a autodisciplina até em questões que não levam proibição da Torá. Segundo esta opinião, "Vocês devem ser sagrados" implora para que a pessoa seja sempre abstêmia e autodisciplinada quando se trata de prazeres materiais.5 É interessante notar que esta interpretação do versículo é idêntica à opinião de Aristóteles sobre como a conduta ética humana deve ser determinada.

"Vocês devem ser sagrados, pois Eu, o Eterno seu D'us, sou sagrado" pode parecer um argumento um tanto vago para a conduta ética; no entanto, encerra uma explicação muito profunda sobre a origem da ética.


D'us criou o homem "à Sua imagem".6 Segundo os cabalistas, este versículo indica que D'us possui atributos (midot ou sefirot). No sistema cabalista há dez atributos Divinos, dos quais três são intelectuais e sete emocionais. Deve-se notar, porém, que os atributos Divinos são perfeitos e infinitamente diferentes daqueles dos seres humanos. Portanto, quando a Torá diz que o fato de D'us ser ético (sagrado) é um motivo para os seres humanos serem éticos (sagrados), isso significa que a origem da moralidade vem do próprio D'us.


A forma perfeita, o portador do padrão para a perfeita moral – que Platão via como estando fora de D'us – na verdade se origina dentro do próprio D'us. D'us está revelando que as leis éticas que estão escritas na Torá não são apenas leis morais relativas ou análise intelectual da natureza humana que levam a adivinhações educadas sobre o que é e o que não é ético. Ao contrário, as leis éticas encontradas na Torá são uma revelação Divina daquela perfeita forma que é um paradigma para a conduta humana ética. De fato, não há uma maneira mais segura de estar certo sobre o que é ético e o que não é que o portador do padrão da conduta ética revelá-la a nós.


Então, quando confrontado pelos enormes dilemas éticos do Século 21, há apenas um local para procurar as respostas: a forma perfeita, que é a origem da ética, como está manifestada na Torá.

Por Levi Brackman